Município: Teixeira Soares
Comunidade: São Joaquim
No dia 20 de agosto, visitamos o assentamento do MST (Movimento dos Sem Terra) em São Joaquim que existe há 24 anos. A maioria das famílias estava presente durante a ocupação, porém outras chegaram alguns meses depois.
A ASSIS (Associação dos Grupos de Agricultura Ecológica São Francisco de Assis) realiza um trabalho com 70 famílias da comunidade, a qual se dividem em 3 grupos chamados de Estrela Azul, GAESOL (Grupo de Agricultores Ecológicos do Sol da Liberdade) e São Pedro. Fazem 8 anos eles mudaram da produção convencional para agroecológica. Com a ajuda da ASSIS os grupos Estrela Azul e GAESOL possuem projeto podendo assim comercializar seus produtos para o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), apenas o grupo São Pedro ainda não possui projeto, pelo fato de ter sido criado depois dos outros grupos, o que inviabiliza a venda de seus produtos para o PAA. Ambos já dispõem da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).
A riqueza de alimentos produzidos é um ponto forte da comunidade, são eles: amora, pêssego, laranja, ameixa, mexerica, uva do Japão, pepino, abobrinha, abóbora, mandioca, batata-doce, inhame, feijão, milho, quiabo, pimentão, tomate, cenoura, couve, alface, mostarda, repolho, couve-flor, brócolis, almeirão, rúcula, vagem, chuchu, alho, salsinha, cebolinha, espinafre. Foi relatado um grande interesse em aprender a fazer: doces, geléia de amora, conservas (principalmente de milho), massa de tomate, pães enriquecidos, doce de leite e outros derivados de leite.
Alguns agricultores fabricavam e entregavam pães, bolachas e macarrão, contudo a produção teve que parar, pois eles não possuem uma cozinha que seja adequada às normas da ANVISA. Devido a isto à produção foi inviabilizada, fazendo com que se perdesse a união que existia entre eles.
Muitas pessoas haviam sido informadas do encontro, no entanto poucas pessoas compareceram para a conversa que Islandia conduziu explicando o intuito do Projeto. No início as pessoas estavam acanhadas, mas conforme se seguiu o diálogo começaram a interagir e a expressar suas opiniões. Apesar de meio inseguros por não saber ao certo do que se tratava, ao final da conversa foi observado um bom interesse dos agricultores presentes em participar do projeto, pois eles mesmos relataram que talvez seja essa a chance de unir mais os grupos e buscar melhorias para todos. De modo que o tempo utilizado para esta conversação foi estendido, e não achando conveniente a apresentação de Boas Práticas de Fabricação (BPF) esta foi deixada para o próximo encontro considerando assim que será mais bem compreendida e útil.
Após a oficina no caminho de volta para Curitiba com o pôr-do-sol a iluminar nossos olhos e pensamentos, ainda refletindo sobre os acontecimentos do dia estávamos a nos questionar sobre os reais motivos da desmotivação encontrada no assentamento. As conclusões as quais chegamos foram estas: Será que a sensibilização feita a estas pessoas esta sendo de forma adequada? Ou será que esta se impondo a presença do projeto? Durante estes 24 anos de assentamento houveram outros projetos desenvolvidos que de alguma maneira deixaram uma bagagem de decepções e desilusões?.
Tantos questionamentos e tão vagas respostas. Mas a resposta que gostaríamos é: A sensibilização esta sendo feita de forma consciente e sem pressão para que a participação dos agricultores no projeto seja sincera e espontânea. Que eles mesmos possam ver, crer e sentir que a semente que estamos tentando plantar hoje pode levar um tempo para dar frutos, mas se não for pra que eles sejam colhidos por nós então que sejam por aqueles que viram.
Por Adriella Camilla Furtado e Sandy Souza
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