segunda-feira, 16 de maio de 2011

Grandes Experiências

Município: Quitandinha.
Comunidade: Salso.
        Quem está de fora e se depara com a cultura faxinalense, acredita que este povo é apenas um povo típico paranaense que luta por causas perdidas. Porém, muito pelo contrário, os faxinalenses representam uma forma de resistência e luta em prol de seu povo e da continuidade de sua típica cultura ao longo das gerações.
        Sofrem com o descaso das autoridades e com a indiferença do poder público.
       Apesar da existência de leis que garantem e reconhecem a comunidade faxinalense como um povo e cultura tipicamente paranaense, ocorre a descaracterização da cultura e do território. Com isso, existe a necessidade de mobilização da população faxinalense com o intuito de reinvidicar seus direitos, supostamente defendidos por leis estaduais, de um maior espaço e reconhecimento dos faxinais.
       A opressão e divisão social no município são comuns. Há dois grupos distintos: aqueles que defendem e lutam pelos faxinais e aqueles contra esta cultura. Além dos defensores não poderem contar com o apoio municipal, sofrem ameaças por aqueles contrários ao movimento. Apesar de todo esse movimento contra os faxinais, a união e o apoio entre os companheiros do movimento estão presentes como uma forma de resistência.
      Muitos moradores faxinalenses residem na comunidade desde nascidos, por isso há a necessidade da preservação dessa cultura típica de um pedaço do Paraná, pois eles fazem parte da história de um povo encontrado apenas no estado e possuem características singulares dentre os outros povos típicos do país.
          Localizada no município de Quitandinha, Salso, comunidade faxinalense, contém mais de 50 famílias, e há aproximadamente 6 anos foi reconhecida como Faxinal, entretanto, tem moradores nascidos e criados lá há mais de 70 anos.
      Salso está integrada ao núcleo Mandirituba - Quitandinha, juntamente com outras comunidades faxinalenses. Possui este nome devido à presença, antigamente, de árvores chamadas Salso. Eram abundantemente encontrados no território, sendo que atualmente são inexistentes ou raramente encontradas.
         Com relação a produtos típicos do faxinal, foram citados alimentos como: banana, laranja, batata doce, xuxu, aipim, pinhão, abóbora, repolho e outros.
        Durante a manhã ocorreu a apresentação do projeto e nossa apresentação. Foi discutida a atual situação dos faxinais. A apresentação dos conceitos de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
      O envolvimento com os moradores foi muito bom e o andamento da discussão foi agradável e proveitosa. Mesmo porque, foi uma troca de conhecimento e informações.
         Os presentes eram todos homens, pois as mulheres estavam preparando o almoço. O almoço foi realizado com produtos 90 % do Faxinal. 90 % porque apenas o arroz foi comprado no mercado. Todos os produtos produzidos lá têm um gosto e sabor singular. Como Rebekka disse: “A banana tem gosto de banana”. Do suco de laranja ao frango, a origem era Salso.
       Antes da apresentação da palestra sobre Boas Práticas de Fabricação, Islandia apresentou a lei sobre alimentação escolar e questionou os faxinalenses sobre qual é a vontade de envolvimento com essa lei, que afinal de contas, é um direito deles que se deve fazer valer. A conversa durou por volta de 2 horas.
     A apresentação de Boas Práticas de Fabricação foi conduzida por Cinthia e Rebekka. Sempre como uma conversa, um assunto, perguntas, troca de informação. A apresentação teve que ser interrompida antes do término porque os representantes faxinalenses tinham compromisso.
     Despedimos-nos de todos, que foram muito receptivos, e por volta das 17 horas retornamos à Curitiba.
Por Cinthia Corrêa e Rebekka Dietsche.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mudar é possível.

Município: Rio Azul
Comunidade: Beira Linha            
       Muitos agricultores do município são “escravos” da Fumicultura. A indústria fumageira que induz estes agricultores a plantarem o fumo chega com promessas de prosperidade e facilidade de produção. Mas apesar da comodidade que num primeiro momento engana aos produtores, pois logicamente a empresa faz de tudo para convencê-los: trazem a semente para plantação, os inseticidas, fungicidas, adubos e muitas outras ilusórias facilidades. Umas delas é a garantia de compra pelo mercado, mas o valor vem sendo pago é cada vez mais baixo, e a produção despende de custos muito altos, tornando-se um meio não lucrativo e muito menos saudável já que cada vez mais os fumicultores desenvolvem problemas decorrentes da utilização dos agrotóxicos na fumicultura.
         Na comunidade Beira Linha (visitada dia 07 de maio de 2011), a família Mongoni cansada desta exploração feita pela fumicultura, vendo que era insustentável continuar a plantar fumo devido aos altos custos sem retorno de lucro e principalmente pelo prejuízo a saúde devido à utilização de substâncias tóxicas no combate as pragas no fumo, fez a substituição gradual da fumicultura para a produção agroecológica. 
     Durante esta transição ocorreu à recuperação do solo, a produção predominante de legumes (olerícola) tornou-se muito mais rentável do que a fumicultura, sem contar com a melhora da qualidade de vida da família conforme relatou o produtor. Esta família serve de incentivo a outros fumicultores, mostrando-lhes que apesar de dificuldades a mudança é possível. 
       De manhã na comunidade houve um diálogo sobre o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) no qual foi explicado o que é cada um deles. Enfatizou-se também que a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) paga 30% a mais por produtos agroecológicos comparado ao valor do convencional. Na parte da tarde foram passadas informações sobre Boas Práticas de Fabricação para os agricultores, alguns já tinham noção sobre o assunto devido a cursos realizados.
      Alimentos produzidos na comunidade: Laranja, pêra, amora, pêssego, mandioca, batata doce, tomate (dezembro, janeiro e fevereiro), pepino (dezembro, janeiro e fevereiro), vagem, cenoura, beterraba, brócolis, couve-flor, uva (janeiro, fevereiro), ervilha em grãos e a torta.
     Alimentos processados: Pepino em conserva, polpa de laranja congelada, vinho de mimosa, de laranja e de uva.



Por Adriella Camila Furtado e Sandy Souza.

Alimento proporcionando Saúde.


Município: Rebouças
Comunidade: Marmeleiro


No município de Rebouças (que visitamos dia 06 de maio de 2011) a produção predominante é a de feijão convencional (na qual se utiliza agrotóxico). Como a produção é em larga escala existem maquinas caríssimas que selecionam o feijão (tipo 1, 2, 3), limpam, e outras para a embalagem dos mesmos. São eficientes, pois processam muitas sacas de feijão por hora. Este meio de produção convencional, só pensa no lucro e na expansão da produção e não se importa com a saúde dos consumidores ou que impactos traz a natureza. No entanto, observamos em Rebouças na comunidade de Marmeleiro um meio de produção agroecológico o qual respeita o meio ambiente por não esgotar seus recursos naturais e se preocupa com a vida, por que tem a consciência de que o alimento que produzem para o consumidor tem o poder de proporcionar saúde.
Os agroecologistas de Marmeleiro estão em busca do resgate da utilização das sementes crioulas que são as nativas, sem modificações genéticas, são as consideradas por eles como “sementes fortes”, pois a cada colheita geram uma produção maior ao contrário das sementes transgênicas que produzem apenas uma vez, ou seja, suas sementes produzidas se replantadas já não geram uma produção satisfatória. Isto é claro, pois os interesses das multinacionais que vendem estas sementes transgênicas devido às chamadas patentes fazem os agricultores a cada nova produção ter de comprar novas sementes, que só tem um bom desenvolvimento com o auxilio da utilização de agrotóxicos ao contrário da produção das sementes crioulas livre destes produtos químicos. Eles conquistaram durante 1ano a formação de um banco de sementes crioulas com 82 tipos de feijão e 73 tipos de milho.
Conhecemos Acir Túlio, membro da comunidade, presidente da associação faxinalense e agroecologista há 13 anos. Vende seus produtos ao PAA e para o PNAE. Na comunidade existe um grupo intitulado “Aprendizes da Sabedoria” são pessoas que cultivam plantas que consideram ter efeitos medicinais.
Vendem para o PAA e para o PNAE: verduras (a maioria da venda), cebolinha, mimosa, amendoim, pêssego, laranja, cuca, pão, bolo, doce de abóbora (gila), batata doce.
Produzem: Crem (raiz forte), açafrão (fiquei na duvida se não é cúrcuma), gengibre, alecrim, manjerona, orégano, batata cara, vagem cumprida, beterraba, chuchu, cenoura, pêssego, jabuticaba, guabirroba, pitanga, cereja, mandioca, batata doce, abóbora (gila, mogango, pescoço), nhame, pinhão, feijão, milho crioulo, banana (pouca produção), tomate, leite, limão cebolinha.
Por Adriella Camila Furtado e Sandy Souza